segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Nação Zumbi em Peixinhos


Malungos // NZ prova maturidade em dois palcos

Michelle de Assumpção
Da equipe do Diario

O espaço cultural Nascedouro parece que finalmente abrigou o show que faltava para que ele fosse encarado como "o lugar" para produções de médio porte e grande qualidade. Na última sexta-feira, o galpão foi a primeira surpresa para os artistas, jornalistas, produtores e público que nunca haviam estado ali. Ou já tinham sim, assistido a alguma coisa por lá, mas sem perceber a potencialidade desse espaço do Nascedouro. Em primeiro lugar, não se trata de um simples espaço. Tem palco amplo, com camarins etc, house mix bem instalada, com mesa de som, e principalmente uma acústica perfeita. Cabem 1.500 pessoas numa boa.


Show Fome de tudo, visto em Peixinhos e no Bairro do Recife, mescla as novas criações com hits da carreira. Foto: Teresa Maia/DP
No show da Nação Zumbi pouco menos que isso circulavam pelo local. Eram pessoas da comunidade de Peixinhos, bairro carente de Olinda - apesar do Nascedouro ficar no limite entre Campo Grande e Peixinhos e ser, portanto, pertencente ao Recife. E foi justamente na programação de Natal da Prefeitura do Recife que o lugar brilhou para seu público e para a banda, que apresentou lá o show impecável do CD Fome de tudo.

Mais que um show onde tudo funcionou muito bem, a tocada da NZ no Nascedouro representou uma vitória ainda maior para dois dos integrantes da banda, o que conseqüentemente trouxe felicidade para todo o grupo. Os percussionistas Toca Ogã ainda é morador do bairro e Gilmar Bola 8, hoje residente no Arruda, nunca deixou de freqüentar Peixinhos e se envolver nos projetos musicais junto com a comunidade. Assim, parentes, vizinhos, amigos de infância dos músicos e de toda a banda talvez tenham visto pela primeira vez um show da NZ.

A maior parte da platéia (o secretário de cultura do Recife, João Roberto Peixe, contou que mil ingressos foram distribuídos com os moradores e 500 distribuídos para convidados) sentia um certo orgulho de fazer parte daquele momento. Se no show do dia seguinte, no Marco Zero, o público faria coros como "Jorgêe, Jorgêe" ou "Quando a maré encher! Quando a maré encher"#, no Nascedouro, por várias vezes, se ouviria o grito de guerra:"Ê, Nação Peixinhos, aê...". Auto-afirmação, momento do "orgulho de ser de Peixinhos". Perfeita a ida da Nação a Peixinhos, berço do Lamento Negro, de onde vieram os importantes meninos dos tambores, primeira identidade musical na banda.

Jorge du Peixe e demais músicos não escondiam a felicidade de estarem ali. "Só Peixinhos tem esse espaço aqui", dizia Jorge, tentando um pouco matar a fome de tudo do público/ morador. A bada fez questão de chegar com o show completo, ou seja, com o telão que funciona como cenário e exibe o primeiro vedeoclipe do CD, da música Bossa nostra, e depois passa a exibir cenas específicas para cada música do show, que mescla as novas músicas com outras dos CDs anteriores do Nação e até da fase Chico Science: Risoflora, Maracatu de tiro certeiro, Etnia, Meu maracatu pesa uma tonelada, Blunty of Judah, Maracatu atômico. Interessante acompanhar os dois shows consecutivos da banda. Na sexta foi melhor, musicalmente falando, impecável. Até para sacar melhor todas as nuances das imagens projetadas. O telão tomava quase toda extensão do palco e a banda, logo à frente dele, produzia um efeito sedutor sobre a platéia. Demorou, é a melhor banda do Brasil e ponto.

http://www.pernambuco.com/diario/2007/12/24/viver9_0.asp

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