terça-feira, 29 de abril de 2008

Choveu, o Canal dos Bultrins alaga e a população sofre


Canal está tomado pelo mato, repleto de insetos e servindo de pasto para cavalos. Quando transborda, dificulta passagem dos carros. Foto: Alcione Ferreira/DP

Moradores e comerciantes da área reclamam do mau cheiro e do lixo no local


Quem trabalha ou mora próximo ao Canal dos Bultrins, em Olinda, costuma rezar para não chover. A justificativa é sempre a mesma. Bastam poucos minutos de chuva forte, como na noite de domingo e na madrugada de ontem, para o canal transbordar. As consequências são velhas conhecidas. O tráfego de carros fica praticamente impossível. Garrafas plásticas, pedaços de plantas e animais mortos se espalham por grande parte da via, deixando uma fedentina insuportável em alguns pontos da Avenida Chico Science. O problema sempre vem acompanhado de queixas. As reclamações atuais são de que o canal está abandonado, com o mato grande, servindo de pasto para cavalos, e tomado de lixo. E a população teme que o quadro piore com a chegada do inverno. A prefeitura assegura fazer limpezas constantes.

"Aqui não tem segredo. Choveu, encheu", resumiu a ambulante Vera Lúcia de Pereira, 35 anos. Vez por outra, ela é obrigada a colocar o pé na água para deixar o local de trabalho e ir para casa. "Já passei no meio da rua com água na altura do joelho", revelou. Vera Lúcia diz que faz isso com medo, pois tem se tornado comum encontrar cães, gatos e ratos mortos dentro canal. A ambulante não teve problemas ontem, pois chegou horas após o fim das chuvas. Encontrou no caminho apenas lama, o que dificultou o início dos serviços de autopeças do auxiliar de mecânico, Erivan Pontes, 25. A calçada e a parte mais baixa do piso da empresa onde ele trabalha viraram um lamaçal. "Tivemos que lavar até parte dos elevadores", disse.

Absurdo - O borracheiro Rodrigo Lopes, 23, perdeu a conta das vezes em que viu o canal transbordar desde 2004, quando começou a trabalhar na Avenida Chico Science. "Normalmente existem mosquitos e insetos por aqui, mas depois das enchentes como a de hoje (ontem) as coisas pioram", ilustrou. A poucos metros da borracharia, o comerciante Manoel Joaquim Neto, 33, contabiliza saldos negativos nos negócios. "Isso aqui é um absurdo. O mato e o lixo tomaram conta de tudo. Dessa forma não tem outro jeito, o canal sempre transborda",reclamou. As críticas de moradores e trabalhadores, como Rodrigo e Manoel, não recaem somente sobre o município. Eles também responsabilizam a população pelos transbordamentos. "O povo continua agindo sem educação, jogando lixo e animais dentro do canal", reclamou Vera Lúcia.

A prefeitura faz a mesma crítica. Segundo a secretária de Obras, Hilda Gomes, o município freqüentemente limpa o Canal dos Bultrins. "Esse canal costuma ser limpo mais vezes do que os outros. São seis operações anuais, em média", afirmou. A primeira delas foi organizada no começo deste ano, estando a segunda prevista para o próximo mês. A secretária disse que o governo municipal, além de cuidar da limpeza, tem investido em campanhas educativas na tentativa de reduzir o lixo no Canal dos Bultrins. Ele é um dos maiores da cidade, passando pelos bairros dos Bultrins e Casa Caiada.

http://www.pernambuco.com/diario/2008/04/29/urbana3_0.asp

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