quarta-feira, 2 de julho de 2008

Patrimônio histórico sob risco


Colina do Amparo também vem apresentando problemas em função da movimentação do solo Foto: Juliana Leitão/DP/D.A. Press

Estudo // Especialistas da UFPE observaram que 20 monumentos e 189 casas localizados na área tombada estão com rachaduras

Tânia Passos
Da equipe do Diario

O diagnóstico do primeiro grande estudo do solo na área central do Sítio Histórico de Olinda revela a situação de vulnerabilidade em que se encontram 20 dos 42 monumentos localizados na área do perímetro histórico. O estudo identificou cinco pontos críticos onde estão situados os monumentos: colinas do Amparo, do Guadalupe, da Sé e os terrenos onde estão o Convento de São Francisco e o Mosteiro de São Bento. O trabalho também incluiu a inspeção em 620 residências, das quais 189 apresentaram fisssuras em suas estruturas.

O estudo demorou dois anos para ficar pronto e foi elaborado por especialistas do departamento de engenharia civil da Universidade Federal de Pernambuco. A encomenda partiu da Prefeitura de Olinda. Eles identificaram as causas da acomodação das colinas que estão provocando rachaduras nos imóveis. De acordo com o estudo, o solo passa o ano inteiro encharcado devido a vazamentos de fossas, ligações clandestinas e esgotamento sanitário inadequado.

O aposentado Ermerindo Feliciano da Silva, 78 anos, mora há 20, numa ocupação na colina do Amparo. Ao lado da casa dele, um cano traz água das moradias que ficam no alto. "Aqui sempre escorre água mesmo sem chover", revelou. O alerta começou com as rachaduras em três imóveis da Rua do Amparo. Os números 55, 49 e 45 estão interditados por risco de desmoronamento desde 2005. Também está interditado o prédio do Espaço Tiridá, que abrigava o Museu do Mamulengo. As paredes do museu estão escoradas com estacas há três anos.

Os templos históricos localizados nos pontos mais altos das colinas são os mais atingidos. Os especialistas encontraram rachaduras nas igrejas do Amparo, de Nossa Senhora das Neves, no Convento de São Francisco, Nossa Senhora das Graças, dos Homens Pretos, de São Pedro, Basílica e Mosteiro de São Bento, além da Academia Santa Gertrudes. Os imóveis apresentam fissuras, infiltrações e alguns deslocamentos das estruturas da cobertura.

A movimentação das colinas em Olinda não é de agora. Segundo os especialistas este é um fenômeno antigo que começou a ser analisado a partir da década de 1970, mas somente hoje foi possível ter um estudo reunindo especialistas das áreas de geotecnia, recursos hídricos, estrutura de alvenaria e esgotamento sanitário.


http://www.pernambuco.com/diario/2008/07/02/urbana7_0.asp

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Um comentário:

Zina Raposo disse...

Gostaria de saber se, com os títulos que Olinda já possui (Patrimônio Histórico da Humanidade e Cidade Cultural) não chegam à prefeitura verbas federais e talvez até internacionais, para a conservação desse rico patrimônio. O que nós, moradores e amigos da cidade assistimos todos os anos é a depredação desse patrimônio, prefeitos sem visão de futuro para a cidade e muito desvio de dinheiro público.
A população deveria tomar conhecimento dessas verbas e do destino das mesmas!!
Em quem votar e para quê???!!