sábado, 6 de dezembro de 2008

Comida e arte por toda a parte

Por Flávia de Gusmão
Do Jornal do Commercio

Neste fim de semana, a exemplo do que ocorre todos os anos, a realização do projeto Olinda Arte em Toda Parte empresta um colorido especial à Cidade Alta e seus arredores, com um intenso vaivém de pessoas que querem respirar a lendária “atmosfera artística” da Cidade Patrimônio. Os ateliês estão abertos, o movimento é itenso e, claro, os restaurantes aproveitam para atrair sua cota de passantes.

Até o dia 14, 18 casas (veja os participantes no roteiro ao lado) não só exibem no menu um prato especialmente criado para a ocasião, como a maioria vira também galerias que hospedam exposições as mais variadas, afinal, a ligação que os restaurantes olindenses mantêm com os artistas locais já é uma marca registrada.

O panorama oferecido pelos que aderiram ao projeto nos revela um perfil bem fidedigno do que hoje é o cenário gastronômico da cidade vizinha. Numa ponta isolada, por exemplo, temos aquele ao qual podemos no referir como o único restaurante verdadeiramente sofisticado em toda aquela área. O Due parece um pouco solitário dentro da sua proposta de uma culinária requintada, enxoval de primeira linha e bom gosto arrebatador. O Due nos obriga a pensar: por que são tão raros assim hoje em dia e até que ponto a escalada da violência isolou o morador do Recife da vida noturna de Olinda? O Due se diferencia dos outros também por estar debruçado sobre o mar, na Praia dos Milagres.

Jogando ali pelo centro estão os principais “cases” de sucesso: o Oficina do Sabor e o Maison do Bonfim, provavelmente os mais longevos de uma geração que aproveitou ao máximo o sucesso de Olinda como pólo de lazer do recifense e sobreviveu à fase mais desfavorável da Cidade Alta como sede de restaurantes que também fizeram história, mas terminaram fechando as portas (Villa Anzol, Viva Zapata e Goya, para citar apenas três). O Oficina tem um público formado principalmente por turistas do mundo todo, uma vez que conseguiu o salvo-conduto de ser encarado como um “cartão-postal” cultural e gastronômico de Pernambuco. O Maison também tem uma clientela fidelíssima, mas difere bastante na sua anatomia: intelectuais, artistas e profissionais liberais – sempre boêmios – irresistivelmente atraídos pelo charme do casal que comanda a casa, Lou Oliveira e Jeff Collas.

Numa outra classificação, poderíamos agrupar aqueles restaurantes que chamaríamos de “Olinda style”. Os que compreendem o espírito da cidade, aqueles que se fossem roupas seriam bermuda, camiseta e sandália de dedo, tendo como acessórios muitas miçangas e cabelos desalinhados. Entram nesta categoria: o Bar do Deo, o Blue’s Bar, a Bodega de Véio, a Casa de Noca, a Creperia de Olinda, o Marim Gastronomia Pernambucana e o Olinda Art e Grill.

Olinda tem também lugares charmosos que buscam especialidades – é o caso do Sopas no Atelier, do Iaçá (macrobiótico), do Estação Café e do Café do Carmo, e recantos que se destacam por uma cozinha autoral e quilos de charme: Patuá, Don Francesco e Flor do Coco.


http://jc.uol.com.br/2008/12/05/not_186823.php

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Acesse: www.olindaurgente.com.br
no Portal O Nordeste.com: www.onordeste.com

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