quinta-feira, 12 de março de 2009

Falta d’água muda cenário do Sítio Histórico de Olinda


As caixas d’água instaladas irregularmente tomam conta dos telhados das casas, que deveriam ser preservadas

da Redação do pe360graus.com

Moradores de Olinda constroem caixas d'água irregulares nos telhados
Problemas no serviço de abastecimento de água no Sítio Histórico de Olinda têm modificado o cenário da Cidade Alta. Caixas d’água tomam conta dos telhados das casas, que deveriam ser preservadas, sem terem alteradas as construções originais.

Por ficarem numa área de preservação tombada pelo Patrimônio Histórico, as casas do Sítio Histórico olindense não deveriam sofrer alterações nas suas fachadas ou estruturas, mas diante da constante falta d’água, os moradores se veem obrigados a descumprir a regra e instalam reservatórios de água nos telhados. Quem não pode fazer isso, usa as bicas, como as dos Quatro Cantos e a do Rosário.

As caixas d'água se multiplicam pela cidade e agridem o cenário que a humanidade transformou em patrimônio. As construções são irregulares, uma vez que qualquer reforma precisa da autorização do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

De acordo com os moradores, a falta d'água, assim como a cidade, é histórica e atravessa o tempo. A dona de casa Maria José Santana reclama do problema no abastecimento. “Na minha casa vai fazer quatro meses que não chega água. De três em três dia tenho que lavar roupa na bica. Antes do Carnaval o pessoal disse que iria melhorar, que colocariam uma instalação para ter água 24 horas. Não teve água", reclama.

Entre ficar sem água e descaracterizar o conjunto arquitetônico, o músico André Araal optou pela segunda alternativa e instalou dois reservatórios de água, um de mil litros e outro de 500 litros. "Foi necessário porque aqui em casa tinha mais de cinco pessoas e a água que vinha não dava para as necessidades", afirmou.

O problema também é visto pelo Patrimônio Histórico, que por lei deveria multar e determinar que os moradores destruíssem as construções e retirassem as caixas d’água. Mas, diante da situação difícil de quem não tem água nas torneiras, a orientação é outra.

"Em um caso como esse, que é um problema de abastecimento de água, um problema social, de necessidade básica, acho que a gente não tem como prever uma multa repressora”, disse o superintendente do Iphan/ PE, Frederico Almeida.

O superintendente orienta que os moradores que pretendem instalar caixas d’água peçam a ajuda do Iphan e da Prefeitura, para minimizar as agressões ao cenário da cidade. “Que eles busquem o Iphan e a Prefeitura para que a gente possa orientar, minimizar e esconder essas caixas d'água e esses elementos que descaracterizam o conjunto histórico".

COMPESA
Sobre a falta d´água, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) informou que o abastecimento no Sítio Histórico de Olinda é de um dia com água e dois dias sem. A Companhia disse ainda que está construindo dois poços na área e melhorando a rede de distribuição, o que deve diminuir o racionamento a partir de agosto deste ano.

Os moradores da Cidade Alta que querem buscar a orientação do Iphan podem ligar para o número 3429.2892.

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