terça-feira, 17 de março de 2009

Olinda sem serviços especializados

IVSON MENEZES

A vendedora Inês Ferreira de Lima, de 43 anos, morava no município de Águas Belas, no Sertão do Estado, quando sofreu dois episódios de agressão física. O primeiro ocorreu em 1984 quando foi estuprada pelo próprio noivo. “Ele me levou para uma aldeia indígena e me rendeu com uma faca e um revólver”, lembrou. As consequências da violência deste crime foram uma filha e um problema na perna.

Cinco anos depois, ela se casou com outro homem, com quem teve dois filhos. Mas, após muitas brigas e agressões, decidiu se separar. O ex-marido conseguiu ficar com a guarda das crianças. Na época, em que aconteceram os crimes, Inês procurou a delegacia da cidade, mas não obteve nenhuma providência. Ainda hoje, ela não conseguiu localizar os dois filhos. Após alguns anos em depressão, Inês Ferreira procurou apoio psicológico, através de ONGs específicas que atendem à mulher e, atualmente, está casada e teve outras duas filhas.

Com o tema “Viver sem violência não é fácil, mas é possível”, uma audiência pública, ocorreu, ontem, na Câmara Municipal de Olinda, para alertar a necessidade de implementação de serviços específicos para mulher. “A cidade não possui uma delegacia da mulher ou um juizado. As pessoas das delegacias comuns, geralmente, não estão preparadas, nem sensibilizadas para aplicar a lei Maria da Penha”, afirmou a coordenadora do programa observatório do turismo sexual, Adriana Duarte, da ONG Coletivo Mulher Vida.

Segundo a representante da Secretaria Estadual da Mulher, Lucidalva Nascimento, está sendo apresentado na Assembleia Legislativa um projeto de lei que visa a criação em Olinda de uma Vara de Violência Doméstica e Familiar uma promotoria criminal e uma defensoria.


Folha de Pernambuco

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