sábado, 28 de março de 2009

PM levou seis horas para registrar flagrante: “Fiquei feito pingue-pongue”


O homem foi preso na madrugada por bater na mulher; depois da jornada de 54 km, os policiais conseguiram deixar o acusado no DHPP

Da Redação do pe360graus.com


Seria uma ocorrência comum no trabalho de uma equipe da Polícia Militar (PM). Os PMs foram até o bairro de Cidade Tabajara, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, na noite desta quinta-feira (26), para verificar a denúncia sobre um homem que estava agredindo a mulher.

A equipe do sargento Ricardo Lima, do 1º Batalhão da PM, só atendeu a essa ocorrência. O sargento contou que depois de prender em flagrante, à 1h30 da madrugada, o suspeito pelo espancamento, teve que passar em três delegacias, em duas delas duas vezes, até conseguir registrar o flagrante.

Nesse vai-e-vem, de delegacia em delegacia, o carro da Polícia Militar que levava o homem acusado de tentar matar a mulher percorreu aproximadamente 54 quilômetros. É a mesma distância entre o Recife e a cidade de Carpina, na Zona da Mata.

O carro saiu da Cidade Tabajara, em Olinda, onde ocorreu a prisão, e seguiu para a delegacia de Olinda, no bairro de Casa Caiada. De lá, a equipe foi para a sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro da Imbiribeira, no Recife.

Os agentes da DHPP mandaram os policiais militares para a Delegacia da Mulher, no bairro de Santo Amaro, também no Recife. Lá, eles foram informados de que a unidade só registrava casos de violência ocorridos no Recife. As agentes de plantão mandaram a equipe da PM voltar à Delegacia de Olinda.

Depois de alguns telefonemas em Olinda, os policiais militares tiveram que voltar com o homem preso para a sede do DHPP, na Imbiribeira. Já eram quase 7h da manhã quando a PM conseguiu entregar o preso à Polícia Civil, na sede do DHPP.

“Acho o fato muito decepcionante para nós da PM, que estamos todos os dias e todas as noites arriscando nossas vidas entrando em favelas para deter os elementos, e quando chegamos às delegacias, não conseguimos resolver”, queixou-se o sargento Ricardo Lima (fotos 1 e 2). “A PM foi prejudicada porque a viatura ficou parada e nós ficamos feito pingue-pongue”.

VIOLÊNCIA
O homem acusado pela polícia de tentativa de homicídio é Carlos Jorge dos Santos, 44 anos. De acordo com os agentes, ele deu vários socos no rosto da esposa dele, Maria Benedita da Conceição, 51 anos, e só parou quando os vizinhos invadiram a casa e o imobilizaram.

Carlos Jorge disse ter flagrado a companheira na casa com um outro homem. Apesar de admitir a violência dos socos, o suspeito afirmou que não pretendia matar Benedita. A mulher foi levada para o Hospital da Restauração e não corre risco de morte.

RESPOSTA
O delegado que registrou o flagrante disse que vai indiciar Carlos Jorge por tentativa de homicídio. Ele comentou o fato da PM ter precisado passar por várias delegacias até conseguir deixar o preso.

“A gente não pode falar se houve demora ou se houve precipitação”, disse o delegado João Brito. “A gente tem que fazer uma análise correta e concreta do fato, que foi registrado dentro do prazo de flagrante, que é 24 horas”.

Para o diretor geral de operações da Polícia Civil, Oswaldo Moraes (foto 4), o fato não é comum e ocorreu por causa da falta de comunicação entre o sargento da PM e a coordenação da Polícia Civil. “Foi um erro porque no boletim de ocorrência estava escrito ‘lesão corporal’ e não ‘tentativa de homicídio”, explica.

“Casos como esse são centralizados pelo DHPP. A orientação é que os policiais contatem o Ciods [Centro Integrado de Operações da Defesa Social], que vai se comunicar com a coordenação e orientar os agentes”.

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