sexta-feira, 19 de junho de 2009

Olinda: Câncer - Lika quer isolar HPV que afeta olindenses

Pesquisa inédita no Brasil pode ajudar o País a desenvolver, no futuro, sua própria vacina contra o vírus que causa câncer do colo do útero. Projeto é parceria do Butantan, Lika, UFPE e prefeitura

A partir de segunda-feira começa em Olinda, no Grande Recife, coleta de material para uma pesquisa inédita no Brasil que pretende isolar os tipos mais freqüentes de Papilomavírus Humano (HPV) e os de maior risco para câncer de útero. O trabalho, desenvolvido numa parceria do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de Pernambuco e Instituto Butantan, de São Paulo, tem o apoio da Secretaria de Saúde da Cidade Patrimônio. Segundo o diretor do Lika e coordenador da pesquisa, José Luiz de Lima Filho, os resultados vão possibilitar saber se vacinas comerciais contra o HPV, já em uso, dão cobertura completa contra os vírus em circulação no País e até ajudar na formulação de uma nova, brasileira.

“Nossa expectativa é analisar material coletado de 2.500 mulheres, com idades entre 15 e 40 anos, ao longo de pouco mais de 12 meses”, informa o pesquisador. Segundo a secretária de Saúde de Olinda, Tereza Miranda, as coletas serão feitas durante os exames preventivos do colo do útero, o citopatológico (Papanicolaou). Inicialmente, o trabalho será realizado em pacientes do Programa Saúde da Família do Varadouro.
Olinda foi escolhida para a pesquisa nacional pela organização do serviço de saúde, a logística disponível, com o serviço de geoprocessamento que transforma em mapa as informações de saúde. Em Ouro Preto, Minas Gerais, será produzida outra etapa do estudo, que identificará a presença de HPV em lesões de estômago e bexiga.
Laboratórios particulares desenvolveram duas vacinas contra os tipos de HPV mais presentes no câncer de colo do útero (HPV-16 e HPV-18). Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o real impacto da vacinação contra o câncer de colo de útero só poderá ser observado após décadas. Os produtos já foram autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para comércio, mas ainda não fazem parte da rotina dos serviços públicos. Uma delas é quadrivalente, previne contra os tipos 16 e 18, presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero e contra os tipos 6 e 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais. A outra é específica para os subtipos 16 e 18.

“Uma das vacinas foi desenvolvida com sorotipos que circulam nos Estados Unidos e a outra com os mais comuns em Londres. Daí a importância do atual estudo para que o Brasil defina melhor suas estratégias terapêuticas”, explica a secretária de Saúde de Olinda.

A pesquisa será desenvolvida com financiamento do Ministério da Ciência e Tecnologia e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe).
Durante o trabalho serão realizados ainda testes de HIV e de hepatite. Além de auxiliar a produção de uma futura vacina, o isolamento dos vírus mais frequentes e com alto e baixo risco de provocar câncer de útero ajudará a saúde pública a ajustar sua política de prevenção na área.

O HPV é transmitido nas relações sexuais sem preservativo e um sinal frequente da infecção é a presença de verrugas genitais.



Jornal do Commercio

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